quarta-feira, 15 de junho de 2011

REGRESSO AO LAR

  Ai!  Há quantos anos eu parti chorando deste meu saudoso, carioso lar...
foi há vinte?... Há trinta?... nem eu sei já quando!..
Minha velha ama, que me estás fitando, canta-me cantigas para eu me lembrar!...


     Dei voltas ao mundo, dei volta a vida... só achei enganos, decepções, pesar... oh! A ingénua alma  tão desiludida! Minha velha velha ama, com a voz dorida, canta-me cantigas de me adormecer.


    Trago de armagura o coração desfeito... vê que fundas mágoas no embaciado olhar!... Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...Minha velha ama, que me deste o peito, canta-me cantigas para me embalar!...


    Pôs-me Deus outrora no froxel do ninho pedrarias de astros, gemas de luar...
tudo me roubaram vê pelo caminho!

Minha velha ama, sou pobrezinho... Canta-me cantigas de fazer chorar!...


    Como antigamente, no regaço amado, (vendo morto, morto...) deixa-me deitar!
Ai! o teu menino como esta mudado!...
Minha velha ama, como esta mudado!...
Canta-me cantigas de sonhar...


    Canta-me cantigas, manso, muito manso...
Triste, muito triste, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se eu alcanço.
Quando a morte, em breve, me vier buscar




                                                                                                                 Guerra Junqueira